quarta-feira, 1 de junho de 2016

Por Que Exigir Experiência de Trabalho aos Recém-Graduados?

Foto: Google
O sonho de todo o jovem moçambicano é, entre outros, ingressar num estabelecimento de Ensino Superior para fazer o curso de sonho ou, ao menos, seguir uma área de que gosta. A frequência de um curso superior exige de qualquer muito empenho.

Tal esforço tem sido condicionado pelos programas curriculares de cada curso específico, o que inevitavelmente leva o estudante a dedicar, durante a sua formação, grande parte do tempo aos estudos.

Devido à pressão que caracteriza os cursos superiores, os estudantes raramente têm tido tempo e/ou oportunidade para trabalhar. Aliás, a vida do estudante-trabalhador tem sido de grande desafio, uma vez não ser fácil conciliar os estudos com o trabalho. Isso para o caso dos estudantes que, por motivos diversos, se encontram trabalhando. Isto é, os que iniciam a formação já sendo trabalhadores ou os que adquirem emprego durante a frequência do curso.

Importa realçar que actualmente vivemos o momento auge no que se refere à procura de emprego. E por assim ser, adquirir emprego enquanto estudante torna-se cada vez mais complicado nos últimos dias. A procura de profissionais altamente qualificados por parte das entidades empregadoras reduz a possibilidade de qualquer um concorrer com êxito a uma vaga de emprego sem que nunca tenha tido experiência de trabalho.

Ser um profissional qualificado subentende-se, hoje, como sinónimo de quem está anos-luz inserido no mercado de trabalho; e que indivíduos recém-formados sem experiência de trabalho não satisfazem as exigências requeridas para ocuparem uma determinada vaga de emprego. Esta percepção parece desacreditar a qualidade dos graduados dos diversos estabelecimentos de ensino do país, quer os de nível médio, quer os do superior. Quanto a estes últimos, penso, por exemplo, que se devia assumir que um indivíduo com pelo menos o grau de licenciatura estivesse capacitado para trabalhar em qualquer área relacionada à sua formação.

Semestre ou anualmente, diversas instituições de Ensino Técnico-profissional e Superior, tanto públicas, quanto privadas têm realizado cerimónias de graduação através das quais inserem no mercado de emprego inúmeros graduados das mais diversas áreas do saber científico. No entanto, a procura de emprego por parte dos jovens, que constituem a maioria dos graduados destes estabelecimentos de ensino, tem sido marcada por um sentimento de frustração devido ao elevado nível de experiência de trabalho que lhes é exigido.

Não que esteja contra aos elevados número de quadros formados pelos estabelecimentos de ensino do país. O grande dilema, entretanto, é que essa tendência me parece não ser proporcional às oportunidades de emprego criadas para esses mesmos quadros. E as raras oportunidades existentes exigem aos candidatos um elevado grau de experiência de trabalho. Arrisco-me a afirmar que todos os anúncios públicos para emprego recentemente difundidos pelos jornais, sites, entre outros meios, têm a experiência de trabalho como algo em comum em quase todas as áreas na qual alguém deseja se candidatar.

Esses anúncios parecem não ser destinados aos recém-graduados, visto que não se pode obviamente exigir três, quatro, cinco, dez anos de experiência a quem acaba de concluir a formação e pretende estrear-se no mercado de emprego. Portanto, questiono: quando e como os recém-graduados ganharão experiência nas suas áreas de formação enquanto lhes for vedado o acesso ao emprego?

Compreendo que as entidades empregadoras estejam preocupadas em contratar indivíduos que possam desenvolver trabalhos objectivos e geradores de resultados. Pelo que se acredita que um trabalhador experiente possa executar qualquer trabalho que lhe for incumbido pelo patronato com melhor performance quando comparado com um trabalhador principiante. Contudo, isso não significa que um trabalhador sem experiência de trabalho não detenha habilidades desenvolvidas durante a sua formação ou mesmo capacidades nato que lhe permitam executar um trabalho de forma eficiente e apreciável.

Torna-se pertinente que as entidades empregadoras revejam os critérios exigidos para a selecção, recrutamento e contratação de trabalhadores, principalmente no que diz respeito à experiência de trabalho. Fica aqui, em particular, um trabalho para casa (TPC) aos gestores de recursos humanos e demais técnicos que lidam com esta área. Sendo que nos últimos dias o acesso ao emprego está cada ano que passa renhido para os jovens, exigir de forma inconveniente experiência profissional aos recém-formados torna ainda mais difícil a aquisição de emprego.

4 comentários:

  1. Parabéns
    Gostei do blogue o artigo que li a cima tem razão de ser pois é um assunto que preocupa a todos nós
    Deus lhe ajude a continuar com este grande trabalho

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  2. Parabéns, de facto é uma realidade que preocupa todos jovens que se encontram a estudar, principalmente no regime laboral o que não é possível conciliar as duas coisas.

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  3. Parabens ilustre, de facto e um problema que nos apoquenta, muita força ai...

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