domingo, 17 de julho de 2016

São Demasiado Pobres os Nossos Ricos

A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.   
A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos «ricos». Aquilo que tem, não detém. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.

domingo, 10 de julho de 2016

Da Relevância do Jornalis(ta)mo

Foto: Google
Paira na mente de certos indivíduos, infelizmente, uma má percepção da importância do jornalismo na sociedade e de quem é de facto jornalista ou se pode chamar jornalista. A natureza liberal da prática do jornalismo faz com que qualquer cidadão possa exercer esta profissão e, consequentemente, ser denominado jornalista. No entanto, a condição para que alguém seja considerado jornalista nos dias de hoje perpassa o gosto pela leitura, o alto domínio da língua na qual nos expressamos, a grande atenção de que dispusemos para o que acontece a mundo fora. Mas sim, é necessário aliar-se todas estas qualidades com a formação profissional na respectiva área.     

A lei de imprensa de 10 de Agosto de 1991 não deixa muita clareza sobre quem é de facto jornalista, sendo por isso muito abrangente ao referir que: "entende-se por jornalista, para efeitos da presente lei, o profissional que se dedica a pesquisa, recolha, selecção, elaboração e apresentação pública acontecimento sob forma noticiosa, informando ou opinando, através dos meios de comunicação social, e para quem esta actividade constitua profissão principal, permanente e remunerada", artigo 26. Esta lei foi aprovada há mais de vinte anos daí que, hoje, torna-se importante adaptar-se à realidade actual do país. Esforços tendentes à revisão deste diploma legal estão sendo envidados em prol da liberdade de imprensa, tendo sido já concebido um anteprojecto de lei de imprensa.

sábado, 2 de julho de 2016

Melhor do Que Branco, Só Dinheiro

Foto: Google
A cor branca é uma cor muito apreciada e de grande significado em todo o mundo. O branco significa paz, pureza, bondade e tem sido associado à inocência e virgindade. As noivas quando se casam geralmente se vestem todas de branco. Nas cerimónias de graduação, ou pelo menos naquele em que participei, os estudantes de Medicina traziam a fita branca nas suas batinas, que significa pureza espiritual.
No último dia do ano as pessoas costumam se vestir de branco, pois acreditam que esta cor lhes dará sorte no ano vindouro. O branco reveste-se de grande valor quando comparado com as outras cores. Por exemplo, o açúcar branco é mais caro que o castanho, as mulheres negras têm envidado grande esforço de forma a clarearem a pele, os indivíduos de raça branca são alegadamente considerados superiores em relação aos negros.
Uma vez acompanhei tristemente na televisão duas bonecas de igual feitio a serem vendidas a preço diferenciado só porque uma era de cor branca e outra negra e, obviamente, a boneca com cor clara estava relativamente mais cara do que a com cor escura. Enfim, branco é mesmo branco!
Falando em branco, um dia a minha tia mandou-me depositar um grande valor monetário num dos nossos bancos. Para despistar a atenção dos ladrões, vesti-me de maneira desprezível, sapatilhas brancas em deplorável estado, calções azuis, sujos e furados, camisete amarelo e um boné vermelho. Parecia um verdadeiro espantalho.
Enquanto me dirigia ao banco que me fora recomendado pela minha tia, decidi entrar numa loja onde se vendia quase um pouco de tudo. Electrodomésticos, mobílias, loiças e produtos alimentícios. Entrei para apreciar. Nalgum momento, procurei um dos funcionários para que me pudesse dar detalhes sobre um televisor plasma que me despertara interesse. Percebi-me facilmente que ninguém me ligava atenção, devido à maneira como eu estava vestido.